terça-feira, 27 de março de 2012

Conselheiro Mata Ride - DIA 3

No terceiro dia, resolvemos ir para um lugarejo chamado Barão do Guaicuí, o qual dista cerca de 30 km de Conselheiro Mata, passando pela antiga linha férrea. A ideia era: pararmos na Cachoeira do Tombadouro, que fica mais ou menos no meio do caminho, dar um tempinho e depois seguir para Barão.

O caminho para Barão do Guaicuí é demais! (normal, né!?) Segue-se a estrada de ferro que já não possui trilhos nem dormentes e, ao lado dela, um rio de água escura, cheio de poços de todos os tamanhos -  piscinas perfeitas para um refresco a qualquer momento. Nesse dia, particularmente, o sol estava de rachar e nós já estávamos bastante desgastados pelo sol do dia anterior. Isso nos fez permanecer na Cachoeira do Tombadouro por mais tempo que gostaríamos.
Na cachoeira do Tombadouro existem três quedas d'água. Essa é a primeira e a menor delas.



Acima da primeira queda existe esse piscinão.
Vista por cima da primeira queda.

A segunda queda d'água é um pouco maior.
Remanso da segunda queda. A água que segue forma a terceira e maior queda d'água. (sem fotos, infelizmente)
O caminho para Barão é repleto desses cortes nas pedras feitos para a passagem dos trens. 

Perto desse local, já muito cansados, entramos numa fazenda chamada Fazenda dos Mendes e lá paramos para pedir informação. Quem nos recebeu foi um funcionário da fazenda, um cara figura total, simpatia em pessoa, que se apresentou como Pinga Fogo. Ele ficou nos olhando ... olhando ... e com uma curiosidade imensa nos encheu de perguntas, do tipo:
"- O que vocês estão fazendo aqui?
- Vocês gostam de andar de bicicleta nesse sol todo?
- Vocês não estão cansados?
- É algum tipo de trabalho pro governo?
- Porque essas roupas?"
Ou seja, o cara achou que éramos completamente retardados por estarmos andando de bicicleta no meio do nada, sem motivo aparente, debaixo de um sol literalmente escaldante, "apenas" por curtição. (Bom, acho que ele tinha razão. hahaha!)
Mas ele era muito bacana, nos ofereceu café (recusamos ... naquele calor, seria suicídio), queijo, biscoito, suco, água ... ficou puxando papo, nos contou sua vida, enfim, foi massa demais conhecer o "peça" e sua esposa.
Teve um episódio nessa conversa que mostra a simplicidade desse cara. Querendo puxar assunto com Pinga Fogo, comentei que havia ouvido falar que entre o final de fevereiro e meados de março era a época em que as cobras saíam de suas tocas para caçar e se acasalarem. Ele disse que sim, que era perigoso ficar andando no mato, para tomar muito cuidado, não sentar em pedra sem antes olhar por debaixo e ao redor... aí, dissemos que havíamos visto uma cobra matando e engolindo um sapo no dia anterior na Cachoeira do Telésforo, quando rolou o seguinte diálogo:
"-Então, onde a gente viu uma cobra engolindo um sapo lá no Telésforo;
- É?
- Pois é, a gente não sabe qual cobra foi, mas ela não era muito grande ... meio amarelada ... quer ver?"
Aí eu virei para pegar a minha mochila, que estava com a câmera fotográfica, para lhe mostrar as fotos. Nesse movimento, Pinga Fogo arregalou os olhos e se afastou dando um passo largo para trás, com uma cara de desconfiado muito engraçada. Ele achou que eu estava com a cobra dentro da mochila! Aí, quando eu tirei a câmera ele disse:
"-Ahhhh, a cobra tá aí guardada dentro da máquina, né?
- É, tá sim, vem ver." E caímos na risada!

Perguntamos a ele se faltava muito para chegar em Barão do Guaicuí e ele nos respondeu que faltava mais ou menos 8 léguas. Achei estranho, já que havíamos pedalado cerca de 22 km e, pelo pouco que sei, 8 léguas dá mais de 30 km! Aí eu perguntei quanto tempo seria necessário para chegar em Barão. Ele disse que umas duas horas de cavalo. Ou seja, ficamos na mesma, sem saber se seguíamos para Barão ou se voltávamos. Diante do impasse, resolvemos voltar, já que passava das 16h e temíamos ter que andar no escuro sem conhecer direito a região, o que seria muito perigoso.
Poucos quilômetros depois perguntamos a um senhor qual era a distância da Fazenda dos Mendes até Barão do Guaicuí. Ele nos respondeu que são exatos 8 km. Pinga Fogo acabou falando em léguas aquilo que era quilômetros. Ou seja, tentando se fazer entender num linguajar diferente do seu, acabou se confundindo. Tranquilo, sem problemas! Um dia voltaremos lá e espero vê-lo novamente.
De volta a Conselheiro, muito cansados, resolvemos que no dia seguinte iríamos para Diamantina e, de lá, para Biribiri.

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